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domingo, 1 de julho de 2012

Para Roma com Amor


Em uma época que a safra de comédias românticas vai de mal a pior, com histórias fracas e atuações piores ainda e roteiros altamente sexualizados, Woody Allen traz Para Roma com Amor para nos salvar.  Uma homenagem à Itália, com tomadas belíssimas feitas dos principais pontos turísticos de Roma, é de encher os olhos. Fazia tempo que Allen não participava de um filme seu e neste ele vem dar uma aula de comédia aos 80 anos de idade.


O filme conta a história em quatro núcleos diferentes, que se passa na capital histórica de Roma. Woody Allen faz parte do núcleo da família de uma turista nova-iorquina, que em visita a Roma se apaixona por um italiano e convida sua família para conhecer a família do namorado. Allen interpreta o pai da moça, que não se contenta que a filha queira se casar com um italiano “comunista”, que não liga para o dinheiro. Ele espera que a filha se case com um italiano rico. Mas ao perceber que o pai do rapaz tem uma voz incrível e talento para tenor, Allen decide investir no dono da voz para ver se pelo menos assim consegue fazer um pouco de dinheiro.
O segundo núcleo é o de um arquiteto que está em férias em Roma e passa a relembrar momentos de quando viveu na cidade há 30 anos atrás. Sua história se confunde com a de um rapaz, também arquiteto, que vive com a namorada onde ele morou. A namorada recebe a melhor amiga sexy e inteligente em casa, e isso acaba despertando o interesse do jovem arquiteto. Ele acaba de apaixonado por ela e fica sem saber o que fazer com a namorada que o ama e é sua companheira. A história dos dois são muito parecidas, ou podem ser a mesma?
Em outro lugar qualquer de Roma, Roberto Benigni (aquele do A Vida é Bela que roubou o Oscar de Central do Brasil) faz um italiano comum, classe média com uma vida bem mais ou menos,  que é confundido com um astro e passa a ser perseguido pela imprensa e por fãs. Tem todas as mulheres a seus pés e descobre a dor e a delícia da fama. Um ótimo recorte que poderia ter rendido bem mais, pois Benigni estava muito bem, sem exageros e firulas.
A quarta história e a mais enrolada é a de dois jovens recém-casados que vem do interior para tentar a vida em Roma, e espera fechar negócios com a família do noivo. A noiva sai para procurar um salão de beleza mas se perde na bela Roma e acaba numa locação onde está sendo rodado um filme com seus astros favoritos. Detalhe: a bela Ornella Muti faz uma ponta nesta sequência . A jovem acaba saindo com seu astro do cinema enquanto seu marido está no hotel esperando por ela. Por engano, ele recebe de presente uma tarde de amor com uma prostituta, ninguém menos que Penélope Cruz, que forma o perfeito conjunto de boa atuação com boa presença no vídeo, um sopro que poderia render bem mais. Sua família chega bem na hora e a confunde com sua esposa.

Essas quatro histórias fazem com que conhecemos um pouco mais sobre Roma e seus peculiares moradores e turistas. O filme traz ótimas interpretações em todos os núcleos e diverte, sem ser piegas, sem sexualizar demais e faz com que os atores experimentem papéis diferentes do que haviam feito. Woody Allen não está nem um pouco decadente, como há muitas críticas por aí. Muito pelo contrário. Está impecável aos 80 anos, com o timing certo para comédia e com ótimo roteiro, com referências e colocações que só um texto dele é capaz.

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