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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Sonhando Acordado - Mais um filme de Michel Gondry

Meu Deus, que sumiço. Abandonei o blog por esses dias. Mudança de rotina, de trabalho fizeram com que me afastasse um pouco daqui, mas já estou de volta.
Hoje trago uma dica bem divertida para quem gosta de filmes com viagens oníricas. Ontem não aguentei ver o debate, e zapeando vi um filme no TC Cult: Sonhando Acordado (2006) com Gael Garcia Bernal e a francesa Charlotte Gainsbourg ( de Anticristo), escrito e dirigido por Michel Gondry, meu queridinho. Digo isso porque ele é o diretor do meu filme favorito: o Brilho Eterno (neste ele contou com o roteiro de Charlie Kauffman). Mas em Sonhando Acordado ele faz tudo sozinho, e viaja um pouco mais.
Ele conta também um romance, entre o filho da síndica de um prédio e uma inquilina, ele se chama Stefháne e ela Stefhanie. O romance, que se passa na França, começa de forma improvável, pois Stepháne na verdade fica afim da amiga de Stephanie primeiro. Mas a amizade entre os dois os aproxima mais e mais até compartilharem os mesmos sonhos.
Falar assim é resumir de forma simplista o que o filme na verdade é. Trata-se de uma viagem ao mundo dos sonhos de Stepháne, um cartunista que consegue um emprego medíocre indicado por sua mãe.
Filho de um mexicano com uma francesa, ele vai a Paris para viver mais perto da mãe depois que seu pai faleceu. Toda noite ele tem sonhos bizarros que envolvem sua família, sua infância, os acontecimentos do dia e coisas que estão por vir.
O engraçado desse filme é que o diretor não usa super efeitos especiais para retratar os sonhos, como acontece no filme A Origem, por exemplo. O estúdio de TV é feito com caixas de ovos, papelão, celofane. Outros recursos também são bem artesanais e bem visíveis, e isso não tira o onírico e a magia do filme. Muito pelo contrário.
Mostra que a emoção que o cinema proporciona está acima de efeitos especiais. Um breve retorno a Mélies.
O filme é bem fofo, vale a pena.

Espero que assistam, suportem e gostem. Beijos

sábado, 11 de setembro de 2010

A Saga Otori - O Piso-Rouxinol

Oi, pessoal
Já é sábado e a última vez que postei foi no feriado. A semana foi muito corrida e mal tive tempo pra nada. Mas hoje passei pra deixar uma dica de leitura, já que as últimas foram de cinema. Eu li o primeiro livro de uma trilogia, A Saga Otori, que terminei na semana passada, e achei a história super interessante, pois foge dos modismos que temos por aí. Esse livro se chama O Piso-Rouxinol. Não sei como vocês escolhem livros pra ler, mas eu tenho inúmeras formas: ou gosto do autor, ou vou pelo título, ou já tenho informações antecipadas, ou escolho no uni duni tê,entre outros. Esse livro foi assim. Entrei na biblioteca, e no uni duni tê escolhi esse. Gostei da capa, e ao ler a sinopse vi se tratar de uma trilogia (que na verdade são quatro, pois o quarto livro estava ali junto com os outros três).
Dei uma desanimada, porque ando meio preguiçosa com trilogias ou continuações. Tudo hoje é assim, tanto no cinema quanto na literatura, e às vezes o fim de um livro ou filme já basta pra mim, talvez seria melhor sem as continuações. E outra, é como se fosse assistir uma novela, exige tempo, dedicação e acompanhamento, o que ultimamente tenho pouco, por conta da alta carga de estudos e teorias que preciso ler.
Bom, decidi levar mesmo o livro ao ver que se tratava de uma história que se passa entre clãs japoneses no período feudal. Conta a história de um jovem chamado Tomasu, que tem seu clã ( os Ocultos) destruído pelo clã rival pois seus familiares tinham poderes e eram mais espiritualizados. Ele salva a vida de um chefe de outro clã, Shigeru Otori ( do clã Otori) , e este o adota como filho em gratidão. Aos poucos Tomasu, que passa a se chamar Takeo, percebe que tem poderes extrassensoriais muito fortes, e isso pode ser de ajuda tanto para o clã que o adotou quanto para si próprio. Ele é treinado em arte de guerra de todas as formas para se proteger do inimigo e proteger seu clã.
Em meio a esses treinamentos, ele descobre o amor ao apaixonar-se pela noiva prometida ao seu pai adotivo. Mas o noivado não era por amor e sim por interesses de união e parcerias entre os clãs.
Adorei a proposta do livro, uma história bem diferente do que vemos por aí hoje em dia. Fora que dá para aprender bastante sobre a cultura do japão feudal, tão distante da nossa, pelo menos da minha.
A escritora é uma britânica chamada Lian Hearn, que é uma estudiosa dos hábitos e culturas do Japão.
Se vou ler os outros 3 livros? Claro que vou, não sei se já, mas vou sim e depois prometo contar.
Bom sábado!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Vidas que se Cruzam

Esse feriado está com um tempinho delicioso aqui em Ribeirão Preto. Refrescou, em torno de 23/24 graus e uma chuvinha fina e gelada que já dura duas horas. Fiz uma pausa no trabalho que estou escrevendo para passar uma dica finíssima de filme para vocês.
Antes de vir pro computador estava assistindo um filme que queria ver há tempos e hoje consegui. Foi escrito e dirigido por Guillermo Arriaga, o mesmo de Babel e 21 Gramas. Quem gostou desses dois filmes certamente vai adorra Vidas que se Cruzam.O trailler é bem legal, e quando o vi pela primeira vez já anotei o filme, mas ele ficou pouco tempo em cartaz.
O filme conta aparentemente 4 histórias paralelas que se passa em uma cidade próxima ao México. Depois explico o aparentemente. Bom, trata-se da histórica de amor extra-conjugal entre Nick e Gina, um mexicano e uma norte-americana, ambos casados e com filhos mas vivem uma paixão ardente às escondidas. A outra história é da filha de Gina, Mariana, que a todo momento desconfia que a mãe está tendo um caso, e se envolve com o filho do amante de sua mãe. A terceira história é de uma garota mexicana, Maria, que acompanha o pai e o tio para um trabalho e acaba presenciando o acidente de avião do pai. A quarta história é a de Sylvia, uma chefe-de-cozinha solitária e descompromissada, que tem um olhar perdido e um sentimento de culpa muito grande, que sai com vários homens, como que para preencher um vazio.
A história é contada de forma não-linear, em que as ações presentes se misturam com as ações do passado, e só após uns 30 minutos de filme passamos a entender a ligação de todos os personagens. No início eles parecem soltos e parecem ser várias histórias paralelas, por isso lá em cima eu disse aparentemente. Pois na verdade trata-se apenas da história de uma pessoa, e através da volta ao seu passado é que ela consegue se livrar da culpa de diversos atos impulsivos e impensados. Ótimas atuações de Charlize Theron e Kim Bassinger.
Eu adoro esse roteirista e este filme é muito bom. A história é mais leve que os seus outros filmes, e acho que cai super bem para esse feriado. Como já está acabando, tente assistir no fim de semana. Vale a pena.
É como eu digo dos filmes do Arriaga, drama na medida certa com roteiro pra lá de bom.
Beijos

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A Partida é muito mais do que um filme comum

Olá, pessoal
O primeiro post do mês será uma dica de filme pra quem gosta de drama, mas um drama bem feito. Assisto poucos filmes japoneses mas esse eu tinha que ver, principalmente depois de vários elogios que fizeram dele. Trata-se de A Partida, do diretor Yojiro Takita (2008), que foi o ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2009 e outros 10 prêmios em diversos festivais de cinema pelo mundo.
A narrativa do filme é bem linear e comum, não foge aos padrões e não traz nenhuma inovação na montagem, na estética ou na tecnologia. Mesmo assim o filme prende a atenção, por se tratar de uma história sensível, mesmo sem pirotecnia. A música embala o filme todo, pois se trata da história de um violoncelista que toca na Orquestra em Tóquio, mas por conta da dissolução do grupo, ele é obrigado a voltar para a sua cidade natal no norte do Japão, juntamente com sua esposa. Desempregado, sai em busca de trabalho e consegue logo de cara, porque era o tipo de trabalho visto com muito preconceito por lá, ele se torna um preparador e maquiador de defuntos de uma funenária.
O trabalho de limpeza e preparação do corpo do morto era tradicionalmente feito apenas pelas famílias na Japão, mas como a modernidade e principalmente o ocidente mudaram hábitos milenares, este também mudou, e agora há empresas que fazem isso. Daigo, o protagonista, começa a trabalhar como auxiliar. Ele não conta nada à esposa, pois se trata de um trabalho tido como indigno, e segue no novo ofício e  a cada dia descobre um sentido na vida através dele.
Além disso, há sua história pessoal mal resolvida, pois Daigo foi abandonado pelo pai quando criança e guarda mágoas por toda a vida; e há o relacionamento com amigos da casa de banho que ele frenquentava. O protagonista vai dia a dia aprendendo a lidar consigo mesmo e vendo novas perspectivas em sua vida, aos poucos ele aceita este trabalho como sua profissão.
O filme não nem é um pouco dogmático, e trata o tema morte/vida de forma bem simples e sem ideologias ou culturas, apenas mostra o respeito que os japoneses têm pelos corpos dos entes queridos, e querem que eles estejam perfeitamente limpos, bem vestidos e maquiados para "a partida". O filme é um pouco lento para os dias de imediatismo de hoje e de filmes que mais parecem videoclipes, mas não é pesado e nem arrastado. As cenas se concentram nas emoções dos personagens, mais do que nas ações, e tudo foi feito de forma sensível e leve, sem ser maçante.
Podemos ver através do filme a rica cultura japonesa sendo dissolvida na pobre cultura norte-americana, e nos faz refletir até que ponto deixamos de lado nosso verdadeira cultura e como somos menos sem ela. Trata também do sincretismo religioso, e na hora da partida todos são iguais pois passam pelo mesmo processo: a cremação. Ouvir Ave Maria ao som do violoncelo foi uma surpresa ótima, e poder comparar culturas tão distintas quanto as nossas também.
Há uma outra cena me marcou muito. Ao serem contratados para preparar um corpo, eles se atrasam e quando chegam ao local os familiares já estão aflitos na porta, com olho no relógio. Os dois chegam e se desculpam "Por favor, nos perdoe, tivemos um atraso". O familiar diz. "Já são 5 minutos de atraso, por favor. Andem". E correm desesperados.
Ou seja, lá é como se eles tivessem atrasado 1 hora, eles não toleram atraso nenhum. Igualzinho o Brasil, não?! Rs.
Espero que vejam e se emocionem.
Quem viu e gostou, deixe seu comentário. Beijos



Daigo aprende a importância da higienização e preparação dos corpos dos mortos para a sua cultura e assim sua vida ganha outro sentido