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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Dogville

Ontem tive o prazer de assistir pela segunda vez um dos meus filmes favoritos, e um dos melhores filmes já produzidos: Dogville (2003). A primeira vez que assisti foi logo em 2004 , e lembro do impacto que o filme causou em mim. Poucos filmes fazem isso, pode ter certeza. Conte nos dedos os filmes que realmente te impressionaram ou mudaram sua visão de mundo. Pra quem ainda não viu, essa é a dica de hoje.
Dirigido por Lars Von Trier, um dos diretores mais polêmicos da atualidade, o filme é forte, moralmente falando. Não tão forte quanto Anticristo, que mostra mutilações físicas, mas Dogville mostra mutilações humanas, comportamentais e morais.
O filme se passa numa cidadezinha minúscula no interior dos EUA na época da grande depressão (1930 mais ou menos). Uma desconhecida (Grace, interpretada por Nicole Kidman) aparece na cidade fugindo de gângsters, e pede apoio dos moradores para se esconder, pois está sendo caçada. Para acolher a jovem na vila, os moradores fazem exigências, e um deles sugere que ela doe uma hora do seu dia para cada um e ajude em alguma tarefa. Mas não há muitas coisas a serem feitas na cidade pacata, mas mesmo assim os cidadãos dão atividades para ela. O tempo vai passando e essas atividades acabam se tornando um trabalho escravo, e a cada vez que a polícia ou os gângters aparecem na vila, os moradores se sentem ameaçados e punem Grace com mais trabalho, menos salário, humilhações, estupro, ou seja, caem as máscaras e os amáveis vizinhos mostram seus dentes.
Para quem não assistiu, o filme tem um final forte e surpreendente. Além de uma ótima história, que desvenda a imundície, a fraqueza e nuances da personalidade humana, a estética do filme é toda especial. Ele foi gravado dentro de um teatro, e a vila e as casas eram separadas apenas por linhas divisórias no chão, com o nome de cada local ou família. As ações podem ser acompanhadas de uma vez e sem paredes e cenários, apenas com pequenos objetos, os espectadores focam sua atenção na narrativa, o que torna o filme mais denso.Quem estiver disposto a sentar no sofá por 3 horas, tenho certeza que não vai se arrepender.
Beijos

Ah, o trailler, só achei com legenda em espanhol.

2 comentários:

Danilo Adriano Nunes Barbosa disse...

Jéssica, também amo este filme. Já viu Manderlay, a continuação? Também é ótimo, apesar de não ser com a notável Nicole Kidman.

Jéssica Amorim disse...

Danilo, ainda não vi esse, vou tentar, mas para mim uma obra de arte é única, portanto Dogville vai ser sempre Dogville.