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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Precisamos falar sobre o Kevin


Precisamos falar sobre o Kevin, de Lionel Schriver, é o sétimo romance da autora norte-americana e que foi recusado por 30 editoras antes de ser lançado. Ainda bem que aceitaram pois é um livro impactante, e mexeu muito comigo. Após falar com muitas pessoas, mesmo percebendo que alguns homens gostaram, percebi que ele teve uma aceitação maior entre o público feminino.
Acho que não poderia ser diferente, se tratando de um livro que é narrado por uma mãe tomada por uma angústia tremenda, que procura respostas dentro de si mesma para saber o que houve de errado com a educação do filho, ou mesmo o que há de errado com ele..
Na história, Kevin é um adolescente norte-americano, que prestes a completar 16 anos, comete um daqueles assassinatos em massa na escola, e mata sete colegas, uma professora e um funcionário, e vai para a penitenciária. Quem não se lembra dos meninos de Columbine? Inclusive há referências a este crime o tempo todo no livro.
Durante toda a narrativa, a mãe, Eva, em desespero e culpa, escreve cartas ao pai de Kevin, as quais ela busca respostas, e passa a relatar sua história desde o início de seu casamento, sua não intenção de ter filhos em virtude de sua vida profissional, a vontade de experimentar ter filho só para não passar por essa vida sem saber como é, a concepção e o nascimento de Kevin, e toda sua infância assustadora.
Ela quer saber o que levou o filho a cometer tal crime, e se culpa o tempo todo por isso. Acha que pelo fato de não querer ter filhos possa ter refletido em sua relação com ele.
Kevin sempre foi uma criança diferente, apática, sem emoções, deu os piores tipos de trabalhos possíveis na infanância, e ainda por cima rejeitava a mãe. Eva, por outro lado, tentava amar o seu filho mas ele a irritava e não a deixava se aproximar.
O relato é bem intenso, e você não consegue desgrudar os olhos depois da página 100, pois quer saber como essa histórica vai acabr. Mostra o drama de criar um filho em uma sociedade como a norte-americana em que está tudo pronto, como diz a personagem, e a criança/adolescente passa a não ter um objeto claro de vida, a não ter motivações para lutar por seus ideiais ou bens materiais. Segundo Eva, esse tipo de assassinato foi cometido por jovens que queriam transgredir de alguma forma, como todo adolescente, e como eles não conseguem construir eles optam por destruir.
No caso de Kevin, há várias vertentes e não uma única resposta, mas vale a pena conhecer essa e refletir em que sociedade essa nova geração está sendo criada, que tipos de padrões morais e éticas eles adquirem e como sofre um mãe ao procurar respostas que talvez nunca serão encontradas.
Espero que leiam, e que gostem.
beijos

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