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quinta-feira, 25 de junho de 2009

Carlos Heitor Cony fala sobre literatura e jornalismo na Feira do Livro de Ribeirão Preto




Na tarde de quarta-feira (24/6), o Salão de Ideias da Feira do Livro recebeu o jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, que atualmente é membro da Academia Brasileira de Letras e cronista regular da Folha de S. Paulo. Cony tem mais de 80 obras entre romances, ensaios, traduções, adaptações, coletâneas de contos e crônicas.

Um dos motivos da vinda do escritor a Feira foi o relançamento do seu primeiro romance O Ventre, que teve sua primeira edição publicada em 1955, e a última em 2008.

Sobre ser jornalista e escritor, ele separa muito bem as duas funções. “Eu entrei no jornal muito jovem para substituir meu pai, aprendi na prática. Eu separo muito bem literatura de jornalismo, pois são duas coisas diferentes. Eu também não faço jornalismo literário, eu faço jornalismo do dia a dia, que eu sei que é datado, perde a validade no dia seguinte. Mas quando eu faço um romance, sei que posso lê-lo de novo 50 anos depois, como é o caso de O Ventre”, explica Cony. Sobre o diploma de jornalismo, Cony diz que é contra a obrigatoriedade. “Os grandes jornalistas desse país eram semi-analfabetos, e conheço muita gente com diploma que não faz jus ao cargo”.

Cony conta um pouco de sua história, suas diversas prisões políticas junto com Antonio Calado e Glauber Rocha, que o fizeram parar de escrever por 23 anos, pois ele sentiu que sua literatura não fez com que mudasse o mundo no pós-guerra e na ditadura militar. “As série de prisões me amorteceram. Achei que escrever não resolvia nada, então parei”, comenta.

Após a retomada ao mundo das letras, Cony escreveu o autobiográfico Quase memória, em que a plateia questionou o conteúdo do pacote que ele cita no livro e que não foi aberto, o que deixou os leitores sem saber o que tinha lá dentro. “O conteúdo do pacote não importa na verdade, o que importa é a história. Nunca pensei em revelar , e não vou fazer isso”.

Este é Carlos Heitor Cony, que no final da palestra disse que uma família de ciganos roubou o bebê de sua mãe e deixou “um monstro disforme” no lugar, que seria ele. “Não vou dizer se essa história é real ou não, mas é a história que eu conto”.

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