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terça-feira, 30 de junho de 2009

O Outro


Acabei de ler O Outro, de Bernhard Schlink, na verdade, o li em apenas um dia porque tem só 96 páginas. É o segundo livro deste autor que leio depois de O Leitor. Gosto da narrativa dele por ser bem direta, objetiva, seca até, como diria alguns. Mas mesmo assim, ele consegue passar todos os conflitos internos dos personagens brilhantemente.
Só achei que este ele poderia ter desenvolvido mais, pois me parece um conto, e não um romance. A história é ótima, e fica sempre aquela dúvida no ar.
Após a morte de sua esposa, um senhor descobre em suas coisas cartas de um possível amante. O Outro volta a escrever e Benner, o marido, passa a se corresponder com ele como se fosse a mulher, para ter mais informações se os dois poderiam estar tendo um caso. A correspondência flui até que os dois ficam frente a frente.
A consistência da traição da mulher não é tão explorada, mas sim a angústia do marido ao saber que conhecia pouco sua mulher e a inconformidade de ela ter tido um caso com um sujeito completamente diferente dele, em todos os aspectos. Bom livro.
beijos

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Carlos Heitor Cony fala sobre literatura e jornalismo na Feira do Livro de Ribeirão Preto




Na tarde de quarta-feira (24/6), o Salão de Ideias da Feira do Livro recebeu o jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, que atualmente é membro da Academia Brasileira de Letras e cronista regular da Folha de S. Paulo. Cony tem mais de 80 obras entre romances, ensaios, traduções, adaptações, coletâneas de contos e crônicas.

Um dos motivos da vinda do escritor a Feira foi o relançamento do seu primeiro romance O Ventre, que teve sua primeira edição publicada em 1955, e a última em 2008.

Sobre ser jornalista e escritor, ele separa muito bem as duas funções. “Eu entrei no jornal muito jovem para substituir meu pai, aprendi na prática. Eu separo muito bem literatura de jornalismo, pois são duas coisas diferentes. Eu também não faço jornalismo literário, eu faço jornalismo do dia a dia, que eu sei que é datado, perde a validade no dia seguinte. Mas quando eu faço um romance, sei que posso lê-lo de novo 50 anos depois, como é o caso de O Ventre”, explica Cony. Sobre o diploma de jornalismo, Cony diz que é contra a obrigatoriedade. “Os grandes jornalistas desse país eram semi-analfabetos, e conheço muita gente com diploma que não faz jus ao cargo”.

Cony conta um pouco de sua história, suas diversas prisões políticas junto com Antonio Calado e Glauber Rocha, que o fizeram parar de escrever por 23 anos, pois ele sentiu que sua literatura não fez com que mudasse o mundo no pós-guerra e na ditadura militar. “As série de prisões me amorteceram. Achei que escrever não resolvia nada, então parei”, comenta.

Após a retomada ao mundo das letras, Cony escreveu o autobiográfico Quase memória, em que a plateia questionou o conteúdo do pacote que ele cita no livro e que não foi aberto, o que deixou os leitores sem saber o que tinha lá dentro. “O conteúdo do pacote não importa na verdade, o que importa é a história. Nunca pensei em revelar , e não vou fazer isso”.

Este é Carlos Heitor Cony, que no final da palestra disse que uma família de ciganos roubou o bebê de sua mãe e deixou “um monstro disforme” no lugar, que seria ele. “Não vou dizer se essa história é real ou não, mas é a história que eu conto”.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Márcia Tiburi na Feira do Livro 2009


















A filósofa Márcia Tiburi foi a convidada do Salão de Ideias desta segunda-feira (22/6) da 9ª Feira do Livro. Participante da feira há três anos, nesta edição Márcia foi surpreendida por ter como seu mediador o ator Paulo Betti. Segundo os dois, nem um nem o outro sabia que iam integrar juntos o bate-papo filosófico.
Paulo Betti começou dizendo que era estreante na função de moderador e não sabia muito bem como se comportar. “O ator é misto de vaidade extrema e insegurança”, comentou. Fez uma piada sobre a vaidade do ator e assim, deu início ao Salão de Ideias como uma boa dose humor.
Márcia aproveitou essa introdução para falar sobre as máscaras que as pessoas usam no dia a dia, como os atores, que interpretaram vários papéis. Mas antes, agradeceu mais um convite para vir à nossa Feira do Livro. “Eu gosto muito de vir aqui porque as pessoas de Ribeirão gostam muito dessa feira, e eles fazem tudo com tanto carinho e a organização é sempre tão gentil, que isso me deixa muito contente em estar aqui pela terceira vez”, afirma.
Márcia Tiburi é graduada em filosofia e artes e mestre e doutora em filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Publicou as antologias As Mulheres e a Filosofia (Editora Unisinos, 2002), O Corpo Torturado (Ed. Escritos, 2004), e Mulheres, Filosofia ou Coisas do Gênero (Edunisc). Publicou os ensaios Uma outra história da razão (Ed. Unisinos, 2003), Diálogo sobre o Corpo (Escritos, 2004), Filosofia Cinza - a melancolia e o corpo nas dobras da escrita (Escritos, 2004), Metamorfoses do Conceito (ed. UFRGS, 2005). Publicou os romances Magnólia (2005) e a Mulher de Costas (2006), da série Trilogia Íntima (Ed. Bertrand Brasil).Atualmente, ela é professora do programa de pós-graduação em Arte, Educação e História da Cultura da Universidade Mackenzie, colunista da Revista Cult e participante do programa Saia Justa, do canal GNT.
Em 2008 publicou Filosofia em Comum - para ler junto (Record), que segundo ela, é voltada para o público que não é especialista e está fora do meio acadêmico. “É um livro para discutir o pensamento crítico e filosófico para tudo o que não é a minha visão de filosofia”, explica Márcia.
A autora fez uma discussão sobre a sociedade do espetáculo e recomendou o livro de Guy Debórd ( A sociedade do espetáculo). Além disso, falou sobre retórica, que é a arte de falar para entreter e convencer. “O que fiz até agora foi retórica. A filosofia só aparece quando desmanchamos a retórica, ou seja, filosofia é a desconstrução do discurso”, completa.
Após responder a vários questionamentos sobre linhas filosóficas, política e poder, Márcia autografou livros e deixou os participantes com aquela dúvida na cabeça, que só a filosofia consegue deixar, e com a vontade de saber mais.


Esta matéria foi publicada no www.ribeiraopretoonline.com.br
PS. A palestra foi muito boa, e recomendo muitissimo o livro Filosofia em comum - Para ler junto, que já estou devorando, e os outros dela, apesar de ainda não ter lido. Mas vale a pena, pois Márcia Tiburi tem um conteúdo vastíssimo e nos deixa com orgulho imenso de ser mulher.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Feira do Livro em Ribeirão Preto de 18 a 28 de junho

Hoje é aniversário de minha cidade, Ribeirão Preto. Entre outras atividades, está acontecendo a 9ª Feira Nacional do Livro, que vai de 18 a 28 de junho no centro da cidade, em que reunirá diversos autores de todo o país e shows de vários cantores nacionais consagrados como Adriana Calcanhoto, Vanessa da Mata, Oswaldo Montenegro, Luiz Melodia, Paula Toller, Maria Rita, Toquinho, entre outros. Veja a programação completa no site da Feira do Livro.
Espero que venham, curtam e adquiram muitos livros.
PS. Em 3 minutos andando na feira adquiri 2 livros do Nietzsche por R$ 3 cada um, vale a pena procurar promoções.
beijos

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Quem quer ser jornalista aí?!?!

Ontem, um bando de deputados se juntaram para votar na questão da obrigatoriedade do diploma de jornalista. É, eles conseguiram. Claro, e alguém tinha alguma dúvida. Agora qualquer pessoa pode ser jornalista, não é mais obrigatório fazer universidade. Os cursos de jornalismo vão ter que se readequar para essa nova realidade. Boa sorte à todos.

Cai exigência do diploma de jornalismo

Sérgio Matsuura e Izabela Vasconcelos

O diploma para o exercício da profissão de jornalista já não é mais uma obrigatoriedade no Brasil. Por oito votos a um, o Supremo Tribunal Federal considerou incompatível com a Constituição a exigência da graduação em jornalismo para o exercício da profissão, em votação do Recurso Extraordinário 511961, nesta quarta-feira (17/06).

Os ministros Gilmar Mendes, Carmen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Carlos Britto, Cezar Peluso, Ellen Gracie e Celso de Mello votaram contra a exigência. Apenas Marco Aurélio Mello votou a favor da obrigatoriedade do diploma.

No início da sessão plenária, as teses se dividiram entre a posição defendida pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo e o Ministério Público Federal (MPF), contra a obrigatoriedade do diploma, e a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), com o apoio da Advocacia Geral da União, sustentando a exigência.

Gilmar Mendes, relator do recurso, defendeu a autorregulação da imprensa. “São os próprios meios de comunicação que devem definir os seus controles”, afirmou.

Mesmo sem a exigência de diploma, os cursos de jornalismo devem continuar existindo, argumentou Mendes. “É inegável que a frequência a um curso superior pode dar uma formação sólida para o exercício cotidiano do jornalismo. Isso afasta a hipótese de que os cursos de jornalismo serão desnecessários”, avaliou.


Fonte: Comunique-se

terça-feira, 16 de junho de 2009

O caderno rosa de Lory Lamby


Nunca tinha lido nada da obra de Hilda Hilst até cair em minhas mãos O caderno rosa de Lori Lamby. Um livro que mexe com os sentidos de qualquer um, por se tratar de literatura erótica, e também por ser uma pegadinha literária e psicológica de gênio.
Segundo li, ela fez este e mais outros dois livros neste tom para ganhar dinheiro em uma época que passava dificuldades, e que não era conhecida por suas peças, poesias e prosas. Ela resolveu então escrever algo que as pessoas quisessem ler e que vendesse, coisa que também ela faz alusão no livreto.

O livro conta a história de uma menina de 8 oito anos que está escrevendo um diário para ajudar seu pai escritor a publicar um livro que chame a atenção. De acordo com sua história, a garota é usada sexualmente por homens mais velhos em troca de dinheiro com o consentimento dos pais. A partir daí, a menina relata tudo o que eles fazem neste diário rosa.

Olha um trecho só para ter ideia: "Papi não está mais triste não, ele está é diferente, acho que é porque ele está escrevendo a tal bananeira, quero dizer a bandalheira que o Lalau quer. Eu tenho que continuar a minha história e vou pedir depois pro tio Lalau se ele não quer pôr o meu caderno na máquina dele, pra ficar livro mesmo. Eu contei pro papi que gosto muito de ser lambida, mas parece que ele nem me escutou, e se eu pudesse eu ficava muito tempo na minha caminha com as pernas abertas mas parece que não pode porque faz mal, e porque tem isso da hora. É só uma hora, quando é mais, a gente ganha mais dinheiro, mas não é todo mundo que tem tanto dinheiro assim pra lamber. O moço falou que quando ele voltar vai trazer umas meias furadinhas pretas pra eu botar. Eu pedi pra ele trazer meias cor-de-rosa porque eu gosto muito de cor-de-rosa e se ele trazer eu disse que vou lamber o piupiu dele bastante tempo, mesmo sem chocolate....."

Leitura forte, que trata de temas como pedofilia, pornografia, mercado editorial.
Se tiver coragem, leia.
beijos

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Noites de tormenta para noites frias


Junho é um ótimo mês, o friozinho instala em minha cidade. Nada mais que uma semana, mas mesmo assim dá até para imaginar que o frio dura três meses. E quando o tempo está assim, nada melhor que uma pipoca, edredon e filme. Pra quê mais?
Bom, hoje vou indicar um filme que nem é meu favorito e nem amei tanto assim, mas combina direitinho com esses dias frescos e cai muito bem nesta semana dos namorados. É o Noites de Tormenta, de 2008 com Richard Gere e Diane Lane ( o casal de Infidelidade repete a dobradinha).
Assisti semana passada, e apesar de ter achado previsível e clichê, é o tipo de filme que todo mundo gosta, principalmente quem curte romance.
Conta a história de uma mulher que está tentando decidir se volta ou não para o ex-marido, que após trocá-la por outra, está arrependido e quer voltar. Ao se afastar dele para cuidar da pousada de uma amiga, ela fica sozinha, e em uma situação que só acontece em filme, ela conhece e se apaixona pelo único hóspede da pousada, ele mesmo, o Richard Gere.
Bom, o resto só vendo o filme mesmo. Apesar de ter preferido Infidelidade ( mas que todo mundo já assistiu), este teve uma abordagem singela, e no dia que eu vi eu estava tão sensível que até sentí uma lágrima furtiva encorrendo. E oha que não sou disso. Então, quem curte o gênero é melhor comprar estoque de lenços de papel.
Bom filme, beijos